sábado, 20 de agosto de 2011

Verdades sobre o fim da novela das 9

O frisson do momento girou em torno do fim da novela das 9 que se encerrara nesta última sexta feira. A grande questão é a real qualidade da atração, o que demonstra que não é necessário muito para conseguir agradar um público fiel sem o menor senso crítico. A grande audiência herdada do telejornal é responsável por grande parte do trunfo atingido pela novela, e para quatro ou cinco telespectadores ausentes de senso crítico e bom gosto pelo menos um telespectador dotado de tais qualidades acaba sendo forçado a estar a par da atração. A emissora tem adotado um posicionamento muito visível quanto às fórmulas para atrair a atenção do público na sua teledramaturgia. O mistério, e inadivertidamente excessivamento utilizado, da suspeita de assassinato, que tomou conta de quase todas as obras que estavam no ar nesta última temporada. Quem matou Salomão? Quem matou o delegado? Quem matou Norma? Mas o que interessa mesmo é quem matou a criatividade? O autor de Insensato coração já provou em episódios anteriores o que a falta de criatividade pode fazer, e não que este nobre escritor não a tenha, mas nos momentos mais importantes esta tem feito falta e causado um grande desastre na qualidade de suas folhas, superada somente pela grande quantidade de público, que não exige muito quanto a qualidade de suas novelas. Vide o caso Gerson e seu macabro segredo que fora monumentalmente um fracasso de suspense, pois com a exclusão dos óbvios entre as opções não sobrara nada para o autor se agarrar e utilizar como trunfo, deu no que se viu e lamentou.
Novelas policiais não são histórias fáceis de se escrever. Exige um pouco mais de massa cinzenta exercitada do que se precisa para escrever uma novela que agrade milhões. Felizmente o que a Globo nos apresentou não é uma novela policial ou algo perto disso. A emissora Marinho apresentou uma atração manipulada (e o que não é vergonha pois dramaturgia é manipulação de história com o bem entender de quem escreve) do que um homen pode pensar. Acontece da seguinte forma, qualquer que seja o final escolhido pelo nosso escritor será definitivamente o final. Simples assim. Um final policial de verdade é revelado no fim, mas seus indícios se iniciam bem antes do fim, até mesmo no começo e quem tiver o dom da lógica racional saberá como se desenha o fim. O fim da novela agrada a poucos, talvez os que tenham a mente menos ligadas aos parâmetros de qualidade e perfeição, talvez pela idade talvez pela instrução, igual aos mesmos que fazem o enlatado global, e insistem em crer que o sucesso final tenha grande influência de suas atuações. Já os atores são reféns daqueles comandam o espetáculo, se, tiverem parcela de influência na qualidade é pouca em comparação a quem escreve e dirige os textos que estes decoram e interpretam.
E além da questão policial a novela aborda de maneira suscinta questões familiares, culturais, sociais e de maneira quase que geral outros pequenos objetos de compõe a macabra sociedade da obra. A novela não tem que ser igual a realidade, mas como se desenrolou não teria logicamente o direito de se dizer que é mera coincidência com a realidade, esta coincidência não existe: uma sociedade rica, onde até os pobres são ricos e os ricos, ricos. uma polícia e justiça eficiente, ineficiente e eficiente novamente. O homossexualismo tratado na obra  se aproxima mais do que realmente pode ser chamado de mera coincidência com a realidade, mas pela singularidade do fato a expressão ainda não se enquadra ao conjunto geral.
E no futuro não muito distante as próximas atrações deverão olhar mais para o que as mídias sociais modernas estão a dizer, pois para ela quem serão direcionadas futuramente as atenções. Aqueles que estudam e trabalham ou só estudam, ou só trabalham, mas possuem algo em comum, um senso crítico mais apurado e sabem o que é bom e o que não é, o que infelizmente o falso sucesso de público não ensinou aos que hoje são responsáveis por esta e outras novelas.